segunda-feira, 24 de maio de 2021

Quando o silêncio me calou

 



Quando o silêncio me calou

 

 

O que eu iria relatar para a minha então namorada?

                Que eu fui um soldado medíocre e inoperante?

                Que um bissexual fez chupeta para mim?

                Que eu me esqueci que na minha infância eu quase fui parar num reformatório se caso eu cometesse o coito com meninas e meninos?

                O que eu iria contar?

                Que eu não notei e me esqueci do labor sofrido de minha bondosa mãe|

                O que eu iria contar?

                Que eu era puro, mas absolutamente ingênuo?

                O que eu iria contar?

                Que eu queria fugir do constrangimento e que me constrangi ainda mais em razão disso\.

                O que eu iria contar?

                Que eu me esqueci das dores dos meus antigos vizinhos, e que dei as costas para um que me provocou dizendo que quando eu crescesse eu entortaria.

                O que eu iria contar?

                Que eu obedeci às ordens de meu irmão mais velho para distorcer o mundo, eu fiz calos salientes nas minhas mãos e mandei assim um vizinho trabalhar.

                Daí eu fui me alistar nas fileiras do exército onde levei um punição de oito dias detido no quartel, mas o que doeu mais foi a redação que o coronel fez que eu não consegui escutar. Autor Reginaldo Afonso Bobato


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