Quando o silêncio me calou
O que eu iria relatar para a
minha então namorada?
                Que eu
fui um soldado medíocre e inoperante?
                Que um bissexual
fez chupeta para mim?
                Que eu me
esqueci que na minha infância eu quase fui parar num reformatório se caso eu
cometesse o coito com meninas e meninos?
                O que
eu iria contar?
                Que eu
não notei e me esqueci do labor sofrido de minha bondosa mãe|
                O que
eu iria contar?
                Que eu
era puro, mas absolutamente ingênuo?
                O que eu
iria contar?
                Que eu
queria fugir do constrangimento e que me constrangi ainda mais em razão disso\.
                O que eu
iria contar?
                Que eu
me esqueci das dores dos meus antigos vizinhos, e que dei as costas para um que
me provocou dizendo que quando eu crescesse eu entortaria.
                O que
eu iria contar?
                Que eu obedeci
às ordens de meu irmão mais velho para distorcer o mundo, eu fiz calos
salientes nas minhas mãos e mandei assim um vizinho trabalhar.
                Daí eu
fui me alistar nas fileiras do exército onde levei uma punição de oito dias
detido no quartel, mas o que doeu mais foi a redação que o coronel fez que eu
não consegui escutar. Autor Reginaldo Afonso Bobato

Nenhum comentário:
Postar um comentário