As profundezas de meu
eu.!
Mesmo que o
ato de escrever seja lento, pois eu comecei a escrever oficialmente com trinta
e anos de idade e já tenho 52 anos, ninguém me ensinou a escrever, isso que eu
tenho é um Dom e que não é nato, desenvolvi com o tempo, vivendo com ou sem
paixão, sofrendo ou não sofrendo, vivendo ou quase morrendo, e rindo muito
pouco, talvez assim eu queria estar protegendo a verdade que não mata, a
verdade que tenta curar, e a minha primeira redação (era quase uma relação)
recebi como premio os aplausos da sala de aula e o visto da sisuda professora
Jessy na minha folha de redação da sétima série, e até agora eu escrevi 78
livros, e há quem é formado em filosofia e não conseguiu escrever nenhum livro,
nenhum texto que seja de seu legítimo pensamento filosófico e o que acabei de
lhe falar seja um incentivo, pois todos queremos homens obedientes e
subservientes, mas não pensadores, e é possível pensar até na dura lida, no
trabalho suado.
O que é a dura
lida para um filósofo?
É o brio, a
honra e a dignidade da pessoa humana a quase toda prova, ainda mais se ele tem
uma família para sustentar ou ajudar, e se ele tiver ciência que ele tem estas
qualidades, não se cansará jamais como prelúdio bíblico.
A folha da
redação eu não sei onde foi parar, mas eu me lembro dela e um pouco do texto...
Eu escrevi
sobre uma visita do Mudinho, era um mendigo que frequentava nossa grande casa
de madeira nos fundos e de alvenaria na frente, nós éramos dez, eu e meu irmão
mais novo dormíamos no sótão.
O mudinho ia
quase todos os dias lá em casa, a mãe
carinhosamente abria as portas de seu coração para ele entrar.
Nossa casa era
frequentada pela vizinhança, e eu cuidava de um grande quintal nos fundos, meu
irmão mais velho me ensinara a arar a terra com uma cortadeira e a plantar, eu
tinha por volta dos seis aos sete anos de idade, e eu gostava de cuidar da
terra, eu buscava serragem de uma serraria próxima a nossa casa e virava a terra
pra valer, tanto que eu tinha calos salientes nas duas mãos, e que perduraram
até os quinze ou dezesseis anos quando concluí o antigo segundo grau, tanto até que eu queria ser agrônomo, mas
buzinaram nos meus ouvido da possibilidade de eu conseguir um emprego no
exército, coisa eu não conseguia de jeito nenhum no município que eu morava, mesmo
sem eu ter noção alguma sobre a vida dentro e fora desta caserna, me alistei
num município próximo conforme orientação pela indução, próximo ao nosso
município, era certeza que eu seria convocado, mesmo com escoliose em S em
minha coluna vertebral.
Servi o
exército por três anos e acabei me esquecendo dos meus ideais.
Minha aguçada visão
filosófico despertou realmente a intenção de ser escritor com profundidade aos
trinta anos de idade, eu então escrevi numa folha de papel, pois não conhecia
computador na época, assim:
Quero fazer
uma saudação, aquela que todos vocês viram, a todos vocês que compactuam com
ela, consciente ou inconscientemente!
À discriminação
aos doentes mentais e aos seus familiares.
Às crianças
que não puderam nascer e crescer.
Aos aflitos e
desamparados.
Ás viúvas e
aos órfãos.
Aos mendigos
atrás de trabalho.
Aos portadores
do HIV.
Aos
indigentes.
Aos obesos.
Aos que sofrem
de síndrome de down.
Se eu sou
todos e discrimino alguns.
Então eu não
sou nada? Autor Reginaldo Afonso Bobato
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