terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Um canto para ser lembrado

 


Um canto para ser lembrado

 

  

Um canto para ser lembrado

 

 

 

                Hoje eu vi a praça Rui Barbosa aqui em Curitiba cheia de gente, catadores de lixo reciclável, prostitutas abandonadas, garis concentrados nas bitucas, homens livres presos aos trabalhos, e para não ser mais autista, traficantes e contrabandistas nos cantos, nos encantos...

                E uma volta que eu dei no centro, a sobrevivência dos que sobraram, o resto quase pedindo esmola, os sinos calados das igrejas, a rebeldia da inocência, invólucros paternais que indicam terem mandados seus filhos trabalharem, e a oferta das cocadas cheias de açúcar  dizem Deus ter abençoe ao compra-las,  mas não alertam sobre o risco de se comer açúcar, e envolvido em pensamentos profundos eu vi mais uma vez a Curitiba que esfria em plena estação que seria quente, e que  quase condena os indigentes embaixo das marquises, a história se repete, vagabundos anônimos não conhecem a ordem suprema de nossa bandeira nacional brasileira, ordem e progresso, e se a conhecem a ignoram por força do dó que é ente, doente e pecaminoso, e se sofrerem o resgate verão o regresso, em alguns casos, Curitiba paga a passagem de volta, mas não apaga a má recordação do fracasso constitucional, aguentar um trabalho duro e servil é resposta imediata para que tudo isso não ocorra, de um lado o sofrimento, o medo e a dor de estar passando frio, e seu passado gelado entre mil recordações, o primeiro trago, o primeiro gole, a primeira carreira, o primeiro fumo, a letalidade de influências perniciosas nos diz que é o cio, você quis ser macho e se machucou, te apresentaram tantas mentiras que se parecem com a verdade, e lá na frente você encontrou a dura realidade de dormir num chão gélido e temeroso, enquanto o sacerdote clama ao Deus dos miseráveis em meio a um palácio suntuoso, e os míseros trocos caem devagar no chapéu velho para sustentar o clero que não quer ser paupérrimo de jeito nenhum, e assim glorificamos ao Deus incomum como aconteceu em Florença da renascença, não tem como não se admirar com a cultura que não tem nada a ver com a pobreza que Jesus defendeu, e de outra forma, que gere riqueza para o resgate social, e assim,   Cristo vive e renasce em meio a riqueza e ostentação para suavizar as discrepâncias do mundo que não é meu, ah é teu, ateu.  Autor Reginaldo Afonso Bobato

 

 

 

             

 

 

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