quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Infância majestosa


Infância majestosa

 

 

Eu ao conversar com uma colega de trabalho lhe disse que antes de ser qualquer coisa, eu sou escritor reconhecido pela editora Corpos, pela FBN e pelo Rank Brasil.

Ela concordou e disse não saber qual era minha profissão antes de ingressar na empresa.

Ela pensou que eu me dirigiria soberbamente, mas eu me remeti à minha infância, e eu lhe disse então que eu sei bater um samba com flanela, no sapato.

Eu, o Paulo Ramos, o Demétrio Parafuri, o João Luiz Pereira Benevides e o meu irmão mais novo disputávamos uma vaga para engraxar sapatos na rodoviária, e sem ter nenhuma noção de comportamento grupal, vivíamos em paz na rodoviária entre nós, mas seguidamente éramos expulsos pelo filho do gerente da rodoviária que queria o monopólio para ele também engraxar.

Eu me lembro que eu não sabia o que fazer com o dinheiro, então comprei café e uma bola de coro gomada, e eu não tinha consciência que quem mais precisava desta vaga era o Paulo Ramos, ele estudou foi funcionário de um posto de gasolina e foi bancário por longos anos, e hoje se eu não me engano, ele é gerente da PMP, com o Demétrio sempre foi um trabalhador minucioso e tenaz e um grande construtor, ele aprendera o ofício com o irmão dele que também era firme e rígido.

O João Luiz mora aqui em Curitiba, ele trabalha ou trabalhou um supermercado, quando eu nada sabia sobre informática ele já dominava.

O meu irmão mais novo também é incrível, e é o mais corajoso de todos nós.  

Ensinaram-me que para proteger a bola eu teria que passar cebo nos gomos, e eu lustrava esta bola, e ela então apodreceu de tanto eu passar cebo,  e nós íamos no campo municipal jogar futebol, e o melhor jogador de todos por ordem era o Paulo Ramos, o Demétrio Paraturi, eu  e o meu irmão caçula.

Eu não sei como descreve minha infância sem citar o nome deles, foi uma infância rica e perigosa, pobre e majestosa Autor Reginaldo Afonso Bobato.

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