Infância majestosa
Eu ao conversar com uma colega de
trabalho lhe disse que antes de ser qualquer coisa, eu sou escritor reconhecido
pela editora Corpos, pela FBN e pelo Rank Brasil.
Ela concordou e disse não saber
qual era minha profissão antes de ingressar na empresa.
Ela pensou que eu me dirigiria
soberbamente, mas eu me remeti à minha infância, e eu lhe disse então que eu
sei bater um samba com flanela, no sapato.
Eu, o Paulo Ramos, o Demétrio
Parafuri, o João Luiz Pereira Benevides e o meu irmão mais novo disputávamos
uma vaga para engraxar sapatos na rodoviária, e sem ter nenhuma noção de comportamento
grupal, vivíamos em paz na rodoviária entre nós, mas seguidamente éramos
expulsos pelo filho do gerente da rodoviária que queria o monopólio para ele
também engraxar.
Eu me lembro que eu não sabia o
que fazer com o dinheiro, então comprei café e uma bola de coro gomada, e eu não
tinha consciência que quem mais precisava desta vaga era o Paulo Ramos, ele
estudou foi funcionário de um posto de gasolina e foi bancário por longos anos,
e hoje se eu não me engano, ele é gerente da PMP, com o Demétrio sempre foi um trabalhador
minucioso e tenaz e um grande construtor, ele aprendera o ofício com o irmão dele
que também era firme e rígido.
O João Luiz mora aqui em
Curitiba, ele trabalha ou trabalhou um supermercado, quando eu nada sabia sobre
informática ele já dominava.
O meu irmão mais novo também é incrível,
e é o mais corajoso de todos nós.
Ensinaram-me que para proteger a
bola eu teria que passar cebo nos gomos, e eu lustrava esta bola, e ela então apodreceu
de tanto eu passar cebo, e nós íamos no
campo municipal jogar futebol, e o melhor jogador de todos por ordem era o
Paulo Ramos, o Demétrio Paraturi, eu e o
meu irmão caçula.
Eu não sei como descreve minha
infância sem citar o nome deles, foi uma infância rica e perigosa, pobre e
majestosa Autor Reginaldo Afonso Bobato.
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