quinta-feira, 22 de junho de 2023

Hoje eu sei, ontem eu sabia, amanha saberei, e daí sabe um Rei

 



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Hoje eu sei, ontem eu sabia, amanha saberei, e daí sabe um Rei

 

 

 

Eu apanhei na vida para aprender, e apanhei mesmo de meu pai quando eu quebrei uma vidraça sem querer, mas meu pai não me perdoou, ele correra uma quadra atrás de mim, me pegou, me levou ao quarto mais próximo e desferiu várias cintadas contra mim, daí eu entrei embaixo da cama, e ele pegou então uma pedra e quebrou todos os vidros remanescentes da janela.

Eu simplesmente guardava em minha memória as más recordações e não sabia que poderia relatá-las.

Eu amava meu pai, e amo, sobretudo minha mãe, eu via que seus negócios não iam nada bem, e queria que fossem bem para alegria de minha mãe.

Hoje eu não sei porque ele agiu com tanto ódio, pois eu trabalhava duro, eu arava e plantava uma grande horta e quase todos os dias tinha alface, rúcula e eu plantava feijão vagem e milho também, e algumas beterrabas, rabanetes, nabos.

A terra era fraca e eu pegava a Kombi de meu pai e ia buscar serragem para misturá-la com a terra, e então eu me punha a arar a terra com esta serragem, e isso me rendeu calos salientes em minhas mãos.

Hoje eu sei que a serragem demora quinze anos para se decompor.

O Carlos que me induziu e me ensinou um pouquinho a fazer sulcos e arar a terra com a cortadeira nunca pareceu para ver os canteiros que eu plantava com muito amor e carinho.

 

Eu cuidei também de alguns porcos que meu pai trouxera. Ele construí um chiqueiro do lado da tina onde minha mãe lavava roupa.

Era eu quem dava comida e lavava este chiqueiro, mas não resolveu, pois eu contraíra a solitária, a chamada científica Taênia solium.

 

Eu quase sempre acompanhava meu pai pelas incursões que ele fazia no interior de Prudentópolis que todos chamam de “mato)

Eu queria ser técnico agrícola, mas não sabia que existem colégios técnicos agrícolas nos municípios vizinhos. Eu simplesmente amava aquele quintal que mais parecia uma fazenda, mas hoje eu sou escritor, e quero ser escritor, e talvez um dia voltar a plantar dignamente, usando compostagem.

Eu segui avante em minha vida e não me lembraria de meu passado, cada dia era um notório esquecimento,  e ninguém me lembraria dele, ou seja, de meu passado.

O histórico de violência não parou aí, pois um amigo de meu primo Fernando deu um tapa em minha face, ele reagiu assim porque eu o vi com o Fernando e falei, o Marcelo quer namorar a Íngride. Autor Reginaldo Afonso Bobato

  

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