e
Hoje
eu sei, ontem eu sabia, amanha saberei, e daí sabe um Rei
Eu apanhei na
vida para aprender, e apanhei mesmo de meu pai quando eu quebrei uma vidraça
sem querer, mas meu pai não me perdoou, ele correra uma quadra atrás de mim, me
pegou, me levou ao quarto mais próximo e desferiu várias cintadas contra mim, daí
eu entrei embaixo da cama, e ele pegou então uma pedra e quebrou todos os
vidros remanescentes da janela.
Eu
simplesmente guardava em minha memória as más recordações e não sabia que
poderia relatá-las.
Eu amava meu
pai, e amo, sobretudo minha mãe, eu via que seus negócios não iam nada bem, e
queria que fossem bem para alegria de minha mãe.
Hoje eu não
sei porque ele agiu com tanto ódio, pois eu trabalhava duro, eu arava e
plantava uma grande horta e quase todos os dias tinha alface, rúcula e eu
plantava feijão vagem e milho também, e algumas beterrabas, rabanetes, nabos.
A terra era
fraca e eu pegava a Kombi de meu pai e ia buscar serragem para misturá-la com a
terra, e então eu me punha a arar a terra com esta serragem, e isso me rendeu
calos salientes em minhas mãos.
Hoje eu sei
que a serragem demora quinze anos para se decompor.
O Carlos que
me induziu e me ensinou um pouquinho a fazer sulcos e arar a terra com a
cortadeira nunca pareceu para ver os canteiros que eu plantava com muito amor e
carinho.
Eu cuidei
também de alguns porcos que meu pai trouxera. Ele construí um chiqueiro do lado
da tina onde minha mãe lavava roupa.
Era eu quem
dava comida e lavava este chiqueiro, mas não resolveu, pois eu contraíra a
solitária, a chamada científica Taênia solium.
Eu quase
sempre acompanhava meu pai pelas incursões que ele fazia no interior de
Prudentópolis que todos chamam de “mato)
Eu
queria ser técnico agrícola, mas não sabia que existem colégios técnicos
agrícolas nos municípios vizinhos. Eu simplesmente amava aquele quintal que
mais parecia uma fazenda, mas hoje eu sou escritor, e quero ser escritor, e
talvez um dia voltar a plantar dignamente, usando compostagem.
Eu segui
avante em minha vida e não me lembraria de meu passado, cada dia era um notório
esquecimento, e ninguém me lembraria
dele, ou seja, de meu passado.
O histórico de
violência não parou aí, pois um amigo de meu primo Fernando deu um tapa em
minha face, ele reagiu assim porque eu o vi com o Fernando e falei, o Marcelo
quer namorar a Íngride. Autor Reginaldo Afonso Bobato
Nenhum comentário:
Postar um comentário