Cortejo operário
O tempo é um
instante que não existe num piscar de
olhos, mas que viverá para sempre, até mesmo
ao olhar um velho pé de araucária que sobrevive em meio a uma densa povoação, bem no coração de Curitiba, cito a linha de
ônibus que lhe pertence, ele morrerá só
por idade, com cuidados engenhosos da prefeitura, ali passou o seu José dos
encantos, o brio da certeza inebriante dos tantos Joãos, e a espreita de
valorização a cuidadosa rotina dos cobradores de ônibus, Santa Cândida /Capão Raso,
capão do Alto da Glória, da majestosa e divina Ana, cada falta de um olhar profundo
sobre tudo isso é só distração, canta a canção, pinheirinho é celebração, vim
ao Xaxim, um choro sem fim ao me lembrar do amor que meu saudoso pai tinha pelo
jardim, dois pés soberbos que ele trouxe de Papanduva requestam a nobre
existência de minha mãe, uma loba
bondosa que cumpriu com maestria os desígnio divinos de virtude e paz, volto a
chorar quando me lembro que ela já está convalescente, fecho meus olhos, eu
vejo uma paisagem congelada pela geada, bucólica e nostálgica, abro meus olhos, as arvores que eu com Juarez
plantamos estão neste exato momento floridas para que as abelhas realizem a polinização, estou aqui num bairro
meticulosamente social que observa de longe como obrigação a grandiosidade desses prodígios da natureza,
as flores então caem ao chão como se sofressem um reboliço nas profundezas de seus
caules pelas abelhas que não foram convidadas, mas que merecem o cortejo dos Reis
da terra. Autor Reginaldo Afonso Bobato
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