quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Cortejo operário

 

 

 


Cortejo operário

 

               

O tempo é um instante que não existe  num piscar de olhos, mas que viverá  para sempre, até mesmo ao olhar um velho pé de araucária que sobrevive em meio a uma densa povoação,  bem no coração de Curitiba, cito a linha de ônibus que lhe  pertence, ele morrerá só por idade, com cuidados engenhosos da prefeitura, ali passou o seu José dos encantos, o brio da certeza inebriante dos tantos Joãos, e a espreita de valorização a cuidadosa rotina dos cobradores de ônibus, Santa Cândida /Capão Raso, capão  do Alto da Glória, da majestosa e  divina Ana, cada falta de um olhar profundo sobre tudo isso é só distração, canta a canção, pinheirinho é celebração, vim ao Xaxim, um choro sem fim ao me lembrar do amor que meu saudoso pai tinha pelo jardim, dois pés soberbos que ele trouxe de Papanduva requestam a nobre existência de minha mãe, uma  loba bondosa que cumpriu com maestria os desígnio divinos de virtude e paz, volto a chorar quando me lembro que ela já está convalescente, fecho meus olhos, eu vejo uma paisagem congelada pela geada, bucólica e nostálgica,  abro meus olhos, as arvores que eu com Juarez plantamos estão neste exato momento floridas para que as abelhas realizem  a polinização, estou aqui num bairro meticulosamente social que observa de longe como obrigação  a grandiosidade desses prodígios da natureza, as flores então caem ao chão como se sofressem um reboliço nas profundezas de seus caules pelas abelhas que não foram convidadas, mas que merecem o cortejo dos Reis da terra.  Autor Reginaldo Afonso Bobato

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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