Essência do amor e da
paixão
Antes dos
dezessete, eu me lembro como se fosse ontem, eu e meu pai íamos buscar graveto
de lenha numa grande serraria que seu Rafael Parafuti trabalhava intensamente.
Ao
olhá-lo levando aquele pesado carrinho para uma montanha de serragem eu não
conseguia entender de onde vinha tamanha força, eu e o pai enchíamos a sua
|Kombi de gravetos, e às vezes trazíamos casca de pinheiro quando íamos aos matos (interior de
Prudentópolis
O Carlos, meu irmão picava, às vezes eu mesmo. Fogão lenha no interior é nostálgico.
Sinto
saudades daquele tempo que eu o chamava meu pai. Eu tinha tarefas em casa,
Gostava de arar a terra, de cuidar dos porcos que o pai criava no fundo do
quintal e do lado do tanque onde havia água corrente para lavar o chiqueiro,
Lá tinha um viveiro de pássaros do meu irmão
(eu não tinha consciência que era crime ambiental aprisionar pássaros
silvestres (Lá tinha até uma gralha
azul, jacu, sabiás)
Eu, particularmente
tinha uma criação de galinhas, mais ou menos umas vinte, eu comprava os pintos
do aviário do Paulo Boiko, onde trabalhava um colega de escola, o Luiz
Pochapski. Não me lembro quanto tempo
ele trabalhou lá. Mas foi coincidência ele estudar na mesma sala que eu. Aquele colégio era uma decoreba que Deus nos
acuda.
Sempre
i a lá comprar sementes. Eram boas e
geravam as mudas. As pequenas eu descartava.
Era
praticamente uma chácara, uma fazenda, (um terreno como se fosse uma quadra)
mas não tinha muito marasmo, eu vivia com as minhas mãos cheias de calo,
(verdadeiramente salientes), não propriamente pela grande produtividade que
existiria teoricamente, mas pelo fato de eu arar a terra com serragem que eu
mesmo ia buscar na serraria dos Volks com a Kombi de meu pai, eu sabia dirigir
neste curto espaço) Hoje sei que a serragem demora quinze anos ou mais para se
decompor, portanto sua mistura com a terra para composto orgânico era inútil.
Praticamente
todos os dias tínhamos alface em casa, eu mesmo as lavava, e aliando ao livro
de medicina doméstica de minha mãe, eu comia duas tigelas de alface sozinho, desta que aqui nós
brasileiros chamamos de travessa.
Ao
lembrar de tudo isso sinto saudades, eu tinha uma grande vocação, eu queria ser
técnico agrícola, fui parar no exército e me esquecera de todos estes encantos,
hoje me lembro com lágrimas dos olhos, mesmo que eu viva hoje com mais ternura
e mais valorização, uma só louça que eu
lave eu sinto a presença marcante de minha família, que eu amo profundamente,
não por vaidade, mas por paixão. Por Reginaldo Afonso Bobato
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