domingo, 29 de dezembro de 2019

Um minuto para mil anos


Um minuto para mil anos

Um minuto para mil anos



                O interessante é que eu amava cada nova paisagem que eu via, e as amava profundamente, em dom poético, mas a que eu mais amei foi o sótão e o grande quintal  do velho casarão de Prudentópolis, cidade que eu chamei carinhosamente de Nova Ucrânia ou Vaticano segundo, eu acho que eu era o âncora sem saber disso, tentei até mudar o nome da cidade, mas fui reprimido, e para os estrangeiros para que saibam Prudentópolis é um nome em homenagem ao primeiro presidente civil do Brasil  chamado de Prudente de Morais e por lapso do destino fui ser militar, e o colégio que eu supostamente estudei o primário sem nunca ter dado um beijo no rosto de ninguém, colégio Coronel José Durski, fui saber somente depois de recruta que sua graduação seria impossível para mim atingir, eu teria que estudar ciências que me anulariam filosoficamente, (veja as graduações, soldado, cabo, terceiro sargento, segundo sargento, primeiro  sargento, subtenente, segundo tenente primeiro tenente,  capitão, major, tenente coronel e finalmente Coronel José Durski, e este coronel foi um estranho em minha vida, até hoje não sei o que ele fez para ter a honra de ter seu nome numa escola de civis.
                Se eu pudesse reformaria o velho casarão e o transformaria em museu que levaria o nome de nossa sofrida, amada e disputada mãe, Irahydes Lubachevski Bobato
                Lembro-me como se fosse ontem eu, o Juarez Antonio Bobato, o mais novo de três irmãos e cinco irmãs) e o Paulo Roberto Alves Ramos jogando futebol de botão sobre uma cômoda de madeira maciça que ainda está intacta, e nos jogávamos futebol de botão com um grão de feijão que criava efeitos especiais como se fosse realmente uma bola, e as placas redondas que se movimentavam sofre a cômoda tinham o brasão dos clubes, no meu caso o flamengo do Zico e do Junior, o Juarez com o brasão do Corinthians do Sócrates e do Paulo  Ramos do Palmeiras.
                Era uma vibração atrás da outra e uma infância que eu gostaria que fosse lembrada e comemorada para sempre, pois não havia distinção nenhuma entre nós, mesmo havendo rivalidade, havia pureza em nossas almas, e assim nós éramos felizes com as limitações que tínhamos, mesmo sem saber que existia separação e que a separação existiria em nossas vidas e que seria atroz.

                Estávamos próximos um do outro, unidos por amor e paixão, mesmos que existissem segredos mortais. Autor Reginaldo Afonso Bobato

Nenhum comentário:

Postar um comentário