Um minuto para mil
anos
Um minuto para mil
anos
O
interessante é que eu amava cada nova paisagem que eu via, e as amava
profundamente, em dom poético, mas a que eu mais amei foi o sótão e o grande
quintal do velho casarão de
Prudentópolis, cidade que eu chamei carinhosamente de Nova Ucrânia ou Vaticano
segundo, eu acho que eu era o âncora sem saber disso, tentei até mudar o nome
da cidade, mas fui reprimido, e para os estrangeiros para que saibam
Prudentópolis é um nome em homenagem ao primeiro presidente civil do Brasil chamado de Prudente de Morais e por lapso do
destino fui ser militar, e o colégio que eu supostamente estudei o primário sem
nunca ter dado um beijo no rosto de ninguém, colégio Coronel José Durski, fui
saber somente depois de recruta que sua graduação seria impossível para mim
atingir, eu teria que estudar ciências que me anulariam filosoficamente, (veja
as graduações, soldado, cabo, terceiro sargento, segundo sargento, primeiro sargento, subtenente, segundo tenente primeiro
tenente, capitão, major, tenente coronel
e finalmente Coronel José Durski, e este coronel foi um estranho em minha vida,
até hoje não sei o que ele fez para ter a honra de ter seu nome numa escola de
civis.
Se
eu pudesse reformaria o velho casarão e o transformaria em museu que levaria o
nome de nossa sofrida, amada e disputada mãe, Irahydes Lubachevski Bobato
Lembro-me
como se fosse ontem eu, o Juarez Antonio Bobato, o mais novo de três irmãos e
cinco irmãs) e o Paulo Roberto Alves Ramos jogando futebol de botão sobre uma
cômoda de madeira maciça que ainda está intacta, e nos jogávamos futebol de
botão com um grão de feijão que criava efeitos especiais como se fosse
realmente uma bola, e as placas redondas que se movimentavam sofre a cômoda
tinham o brasão dos clubes, no meu caso o flamengo do Zico e do Junior, o
Juarez com o brasão do Corinthians do Sócrates e do Paulo Ramos do Palmeiras.
Era
uma vibração atrás da outra e uma infância que eu gostaria que fosse lembrada e
comemorada para sempre, pois não havia distinção nenhuma entre nós, mesmo
havendo rivalidade, havia pureza em nossas almas, e assim nós éramos felizes com
as limitações que tínhamos, mesmo sem saber que existia separação e que a
separação existiria em nossas vidas e que seria atroz.
Estávamos
próximos um do outro, unidos por amor e paixão, mesmos que existissem segredos
mortais. Autor Reginaldo Afonso Bobato
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